A medusa de celuloide

A aproximação entre desejo e morte não é algo novo. Desde que Eva mordeu a tal maçã, sabemos que provar do fruto proibido tem consequências: culpa, inveja, ciúme, morte. Em maior ou menor grau, desejar é um mecanismo que a maioria esmagadora das culturas aprendeu a ver como nocivo. Enquanto as grandes religiões monoteístas o colocam na esfera do pecado, o budismo tenta abstraí-lo, já que desejar é também um dos vínculos que nos prende ao samsara, a eterna roda das reencarnações e do karma. É uma daquelas coisas que já vem instalada no sistema operacional do ser civilizado: desejar é errado. Mata. Lembre-se que o tabu civilizatório diz respeito ao incesto, ou seja, desejar um familiar.

CentoeQuatro e Frances Ha

Depois de assistir “Frances Ha”, em Belo Horizonte, no cine CentoeQuatro, muita coisas me passaram pela cabeça, desde: “Nossa que local bacana e marginal!” a “o que fazer com isso?”, referindo-me ao filme e do lugar que, quando comparado ao Cine Belas Artes e aos cinemas dos shoppings da cidade, é inusitado e pouco frequentado.

Já ouviu falar em Sci-phi?

Ficção científica sempre foi algo meio marginal, meio fora do sistema. Basta observar a lista de todos os ganhadores de Melhor Filme da história do Oscar, por exemplo: nenhum deles pertence ao gênero (vá lá, “Volta ao mundo em 80 dias”, se forçarmos um pouco, é o único representante). Por essas e outras, é comum ver o “sci-fi” (abreviação popular de “Science Fiction”, ou ficção científica em inglês) envolvido numa névoa meio “B”, meio de subproduto. É bem verdade que a era do blockbuster e dos efeitos especiais elevou o gênero a encantador de multidões, mas isso não serviu muito para aumentar seu prestígio. Pelo contrário: nos círculos críticos (e em alguns nem tanto) ficção científica virou sinônimo de muito barulho por nada, pirotecnia sem conteúdo

As vantagens de ser invisível

“Todo dia, faça algo que te dê medo.” A frase, perdida no viral “Wear Sunscreen”, que rodou o mundo em 1999, se tornou uma espécie de mantra para minha pessoa. Eu, que até meus 16 anos tentava esconder a timidez psicossomática que me assolava e assombrava, decidi tomar como lema a frase ao encarar qualquer desafio que me trouxesse aquele característico frio na barriga.

Intocáveis

O escritor francês Michel Tournier, certa vez, disse: “não pode haver amizade sem reciprocidade”. Diferentemente da paixão ou do amor, que podem acometer somente um dos lados, em uma impossibilidade de concretizar a relação, a amizade precisa de ambas as partes para florir. Assim, originou-se como um dos primeiros laços amorosos da natureza humana. Mais do que uma relação amistosa entre dois seres, a profunda afinidade que os enlaça vai além, e retrata a identificação e a imagem em si mesmo e de um diante do outro.

Deus da Carnificina

Ter um filho, para algumas pessoas mais radicais, é simplesmente obter uma cópia em miniatura de si mesmo. Os pais, que desejam projetar a perfeição em seus rebentos, sentem-se frustrados quando a realidade não supre suas expectativas. Afinal, se algo não sai como o esperado, é inevitável a culpa cair sobre os seus criadores. Isso acontecerá, é claro, em algum momento da vida, pois todo ser humano é passível de falhas.